quarta-feira, 14 de maio de 2014

Antíteses


É querer esta vontade
E não querer tê-la.
É dispender de si,
Mas querer ser.
Então dizer-se
E por fim contradizer-se.
Humilhar-se então
Por uma miséria
Que se chame virtude
De morrer para si
Reduzindo-se a nada;
Exaltar-se a máxima potência
De poder ser
Poder ter
Conquistar o mundo.
É ter escolha
E talvez não tê-la.

Bem te vi

O bem te vi está cantando
Canta de forma incansável
Relembrando o passado.
Bem te vi! Bem te vi!
Ele parece querer falar.
Ora, cale o bico!
Não importa o que viu,
Vá aprender assoviar
Como sabe o sabiá.
Bem te vi! Bem te vi!
Ou zombam entre si,
E nem sei que fazem sabendo.
Fiquemos a escutá-lo então;
Bem te vi! Bem te vi!
Se viu não viu,
Se vê só  amanhã cantará.

sábado, 29 de março de 2014

Mariposa

Uma estranha  manhã
Fria, nublada e densa,
Chorosa negro luto,
Atrofia tuas veias
Que com sacrifício bombeiam
O calor a teu coração.
Fazes então uma coisa:
Na tua cama quente
Encolhe-te por inteira,
Enrola-te toda
Na colcha grossa
De pele primavera
Que Deus mandou.
De olhos fechados
Vais para longe.
Tu que és toda,
Toda dentes, boca,
Braços e abraços,
E corpo carne;
Agora é mariposa.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Sem título


Cingiu em nossas portas
O negro luto
Das senhoras viúvas
E putas de esquina,
E miseráveis esquecidos
Que ninguém quer cuidar.
Chorosa é a sina
Da Sinhá rainha
Vestida de verde-amarelo
De olhos celeste
E vigor varonil.
Corre menino magrelo!
Corre que lá vem vindo
A policia legal
Que o quer proteger.
Corre menino!
Desta democracia dura
Soa mais ditadura.
Que pensam os governos
Que ao povo deveria obedecer?