domingo, 11 de outubro de 2015

Bukowski


Quando Charles fechou os olhos
ele já não estava mais ali,
a dor na sua face,
o peso nas suas expressões,
seu fardo de toda a vida,
loucura,
já não existiam mais.
Sua expressão agora doce,
seu espírito leve
e toda a sala tornou-se serena.
O cheiro de bebida,
a fumaça do cigarro,
as risadas longas e os gritos de fúria
agora fazem falta,
mas a paz que está em sua face
conforta o buraco que fica.
Passou como um detalhe
a vida sofrida que existiu.
É fumaça que sobe,
é nuvem que voa,
Mas brilho eterno
como uma estrela na escuridão.

sábado, 10 de outubro de 2015

Descaminho descontente,
Na beira do abismo
Com o perigo mais belo
Tentador e destrutivo
Para os olhos de quem vê,
Penetrante na alma
Daqueles que descontentes
Distraídos e vazios,
Por vazio maior visto
É tomado por inteiro.
Valha-me Deus!
Pela profundidade da cova
Sabe-se o estado do corpo.
Desconhecimentos descarados,
A busca pela verdade
É uma dor intensa.

Página sem título

Palavras últimas de um fim,
De um alguém perdido
em si mesmo.
Sentimentos turbulentos
Em uma face serena
Sem demonstrar força,
Que força?
Palavras vazias
Por vazio eterno no peito,
Palavras pesadas
Qual a nuvem de chuva
Bradam em silêncio
Que mortal ensurdece.
Olhos de ressaca,
Barba mal feita,
Pesar.
E seguindo,
Vou leve como a brisa
Que anuncia:
O tempo vai esfriar.
Peito agasalhado
Na capa de vidro
Que começa a partir
E a ferida abre,
De dentro
Um vapor mofado;
Vazio.
Dê- me de beber,
O sangue não corre nas veias,
Dê-me de beber,
Tenho fome.
O frio chegou,
Deixe-me morrer,
Mas dói.
Um sorriso,
Um olhar,
Distraído o sentido me trai,
Um abismo a frente
E me vejo voando,
Um mergulho profundo
Para o esquecimento.

O que nos dizem...

E me disseram: até um dia.
Não pude entender,
Que dia era esse?
Até um tempo,
Mas o tempo não é sempre igual?
Simplesmente até,
Até o quê?
E então cansado,
Deitado na cama,
Com os olhos pesados,
Eu disse: até amanhã.
Será que o amanhã chegará?